Em mais uma ação que faz parte do Agosto Lilás, mês de combate à violência contra a mulher, o juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Jaraguá do Sul, Crystian Krautchychyn, participou da sessão desta terça-feira (9) na Câmara de Vereadores jaraguaense. O convite foi feito pelas procuradoras da Mulher e vereadoras Sirley Schappo (Novo) e Nina Santin Camello (PP).
O magistrado abordou questões relacionadas à violência doméstica e aos trabalhos realizados pela Justiça Federal sobre o assunto. Como já adiantado pelas procuradoras, os números desse tipo de violência vêm crescendo nos últimos anos no município. Segundo dados da Rede Catarina da Polícia Militar, em 2021 foram feitas 421 medidas protetivas, 539 ocorrências e em 47 oportunidades o Botão do Pânico foi acionado. Já em 2022 (até o dia 31 de julho) foram 308 medidas protetivas e 327 atendimentos de ocorrências de agressão contra mulheres.
Para o Dr. Crystian, essa elevação nos casos tem duas razões: a pandemia de coronavírus, que enclausurou as famílias dentro de casa, e a facilidade cada vez maior de denunciar e registrar as ocorrências. O juiz ressalta que, no seu entendimento, a melhor proposta para melhorar esses números é a de aproximar os homens dos debates e das discussões sobre o tema, a fim de sensibilizá-los e fazê-los entender o porquê da situação. Ele também lembrou que, antes de assumir a Comarca, havia o programa Paz nos Lares com oficinas para os homens que eram denunciados por agressões a mulheres. “É preciso trabalhar o homem e fazer ele entender os porquês, por que aquele relacionamento desencadeou em violência”, frisa. Porém, o programa foi paralisado.
Sirley e Nina indagaram ao magistrado sobre a possibilidade de a Comarca retomar a realização dessas oficinas e se algum outro trabalho semelhante pode ser feito para ajudar a mudar essa realidade. “Esperamos que esse trabalho seja retomado em breve, tanto no Fórum quanto em outros órgãos públicos, porque eu, como sou da área da Educação, acredito muito que a Educação é uma das formas de nós diminuirmos os índices de violência contra a mulher. Essas oficinas, que trabalham com o agressor, são uma forma de que ele não venha a repetir isso em outros relacionamentos”, explicou Sirley.
Crystian Krautchychyn relatou que, atualmente, a estrutura da Comarca está sobrecarregada e vários funcionários estão atuando com acumulação de tarefas. Ele afirma que, se forem iniciados, os trabalhos com os agressores precisam ter continuidade e não podem ser interrompidos, mas, no momento, faltam braços para pôr em prática o projeto. Ele avisou às parlamentares que a questão vai ser revista e que a tendência é a de terceirizar o serviço, contratando profissionais externos à estrutura da Justiça em Jaraguá do Sul.
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