Transformar o Carnaval jaraguaense em uma referência estadual. Esta intenção, revelada pelo presidente da Fundação Cultural, Jorge Luiz da Silva Souza, no momento da divulgação do resultado do desfile de blocos, é respaldada pelo líder da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara, vereador Francisco Alves.
Francisco, além de incentivador do Carnaval, ele próprio um folião que desfilou no sábado no bloco hexacampeão Em Cima da Hora, defende mais investimentos para que esta festa popular se transforme em uma atração turística.
Na divulgação do resultado, coube a ele entregar o troféu ao bloco campeão, que também foi considerado pelos quatro jurados que avaliaram as apresentações, o melhor em harmonia, fantasia, animação, mestre-sala e porta-bandeira, bateria e samba enredo, conquistando o Estandarte de Ouro.
O resultado só não foi unânime porque o segundo colocado, o Sem Preconceito, levou um voto no quesito animação e um para o mestre-sala e porta-bandeira. “Sempre tentamos nos superar e fomos premiados mais uma vez. Estão todos de parabéns”, comemorava a representante do bloco vencedor, Adriana de Mattos, enquanto cantava o samba-enredo campeão “O Mar e seus Encantos”.
Na classificação geral, o Em Cima da Hora somou 234,5 pontos; o Sem Preconceito, com o tema “O luxo do lixo”, somou 209, enquanto o Estrela D’Alva conseguiu 193,5 pontos com o enredo “Mistura de gerações”, e na quarta posição, o Unidos da Brasília, que levou para a avenida “Povo brasileiro tem a África no sangue: Oxalá que quis assim”, e recebeu 188,5 pontos.
A presidente da Liga dos Blocos e Escolas de Samba, Iracema Pinheiro, festejava também a conquista do seu Em Cima da Hora, ao mesmo tempo em que convocava os demais blocos para unirem forças para que a festa atraia mais público e se torne verdadeiramente uma atração turística.
Em meio ao clima de festa e contestação por parte dos blocos Sem Preconceito e Unidos da Brasília – o Estrela Dalva não levou representantes – , que se sentiram prejudicados com o desfile que aconteceu logo depois de uma tempestade, e ainda por falhas de som e atrasos que acabaram provocando perdas de pontos, o presidente da Fundação Cultural, Jorge Souza, convocou a todos para que já em abril aconteça uma primeira reunião e garantiu um repasse bem melhor para os blocos.
Irritado, e em um momento ameaçando “partir pra porrada”, Jorge respondeu às críticas à organização do Carnaval dizendo que elas aconteceram em função da rígida disciplina que ele pretende impor aos desfiles. Disse que ele mesmo cuidou do cronômetro e que mostrava a cada presidente de bloco o momento em que ele seria acionado. Justificou que até mesmo o campeoníssimo Em Cima da Hora teve pontos descontados por extrapolar o tempo de desfile.
“Não tenho sangue de barata”, foi outro alerta dado por Jorge àqueles que contestaram o resultado. À crítica de que a escolha de jurados locais pode ter tirado a isenção do resultado, ele respondeu que sempre foi assim e que os nomes dos jurados foram levados ao conhecimento dos blocos com antecedência e que são todos profissionais reconhecidos na cidade.
Quem perdeu o desfile do Em Cima da Hora tem mais uma chance. O grupo desfila neste sábado, na rua Reinoldo Rau, provavelmente às 17 horas. Os demais blocos também foram convidados a participar da festa da vitória. O Unidos do Brasília já mandou seu recado dizendo que não pisa na avenida neste sábado e que vai rever a participação no Carnaval jaraguaense, reativada no ano passado depois de 27 anos.
Apesar de toda a polêmica que envolveu o Carnaval, o vereador Francisco Alves considera que os blocos fazerem o espetáculo levado à avenida no sábado com verba de aproximadamente R$ 5.500,00 é um verdadeiro milagre.
“Mas se compararmos nosso Carnaval ao de Joaçaba, município com no máximo 30 mil habitantes, fica um questionamento no ar, porque não podemos fazer um espetáculo desta grandiosidade se temos muito mais de 100 mil habitantes?”, questiona.
O vereador lembra que o Carnaval também é um gerador de empregos, pois movimenta a rede hoteleira, o comércio e o trabalho artístico, e precisa ser celebrado numa parceria entre o poder público, as escolas de samba e a população.
Na sessão desta quinta-feira (26 de fevereiro), ele usará a palavra livre para prestar uma homenagem aos carnavalescos e vai apresentar sugestões para incrementar a festa.