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FUTSAL LEVA MAIS R$ 200 MIL EM NOME DA ALEGRIA

[b]Apesar de concordarem que cidade precisa de esgoto, pavimentação, limpeza, creches, saúde, casas para desabrigados pelas enchentes, vereadores abonam mais um repasse de recursos públicos para equipe de futsal Compromisso assumido é que no ano que vem a desproporcionalidade e a distribuição indiscriminada de recursos seja mais contida[/b]

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[img align=left]https://www.jaraguadosul.sc.leg.br/uploads/thumbs/c8d777a3-e30a-c8d0.jpg[/img]

“Quantas casas o futsal destinou para ajudar as vítimas da tragédia do final do ano passado?”, questionou o líder da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul, vereador Francisco Alves, ao justificar a posição da bancada contra o projeto de lei ordinária nº 329/2009. Francisco já sabia a resposta: nenhuma, mas quis fazer com que os demais colegas refletissem sobre o que é prioritário.
O projeto em questão autoriza a Fundação Municipal de Esportes (FME) a celebrar convênio com a Associação Amigos do Esporte Amador de Jaraguá do Sul, que representa o futsal, repassando R$ 200 mil. Em maio, os vereadores já tinham aprovado outro repasse, de R$ 180 mil. Apesar de os debates em torno do projeto terem consumido pelo menos meia hora de tempo da sessão ordinária da última terça-feira, 15 de dezembro, e a maioria de os vereadores que se manifestaram terem falado de sua preocupação com as obras de infra-estrutura básica necessárias para atenderam à população, o projeto acabou sendo aprovado com oito votos contra os dois da bancada petista.
Segundo a Prefeitura, autora do projeto, o convênio deve viabilizar a representação do município de Jaraguá do Sul junto aos campeonatos Liga Nacional, Taça Brasil, Super Liga, Mundial de Clubes, Sul Americano, Libertadores da América, Campeonato Catarinense, bem assim junto aos Joguinhos e Jogos Abertos. O dinheiro deve ser usado no custeio de despesas com a alimentação, viagens, hospedagens, fisioterapia, material esportivo e arbitragem. Apenas o presidente da associação, Sérgio Silva, acompanhou a sessão.
O primeiro a se manifestar em torno do tema foi o vereador Justino Pereira da Luz (PT). Escaldado, recordou que foi apontado como vereador “traíra” antes mesmo da votação do projeto de repasse para a Liga Jaraguaense de Futebol e até de “Zé Ninguém” por outros vereadores que passaram pela Câmara, mas desta vez se manteve irredutível na posição de votar contra o repasse de R$ 200 mil, já que em maio deste ano os vereadores já tinham aprovado por unanimidade R$ 180 mil para o futsal. E pediu que o esporte amador (foto), aquele em que as comunidades se unem para conseguir suas conquistas por meio de pequenas promoções e sem nenhum incentivo público, também fosse lembrado.

[b]O QUE PODE SE FAZER COM R$ 200 MIL EM OBRAS[/b]

“Posso ser mal compreendido ou interpretado, mas na segunda sessão itinerante deste ano realizada pela Câmara, no bairro Barra do Rio Cerro, foi repassado R$ 180 mil para a Associação Amigos do Esporte Amador. Confesso que naquela ocasião estava mais empolgado com a função de secretariar a mesa diretora do que em analisar os projetos, mas agora o estudei a fundo e fiz um cálculo de que com R$ 200 mil dá para comprar pelo menos 500 a 700 tubos de 1,5 metro de diâmetro. Daria para resolver em partes alguns pontos de alagamentos”, disse Justino.
Ele lembrou ainda que na frente do Samae já há um problema complexo que custará R$ 136 mil ao município. Também que a ponte do Wigando Meyer continua lá, inacabada, porque não tem recursos. Que há área de lazer no Ribeirão Cavalo tomada de mato. Então, por isso, Justino entende que repassar R$ 200 mil para quem já recebeu R$ 180 mil e tem uma empresa forte por trás seria dispensável neste momento.
O vereador calculou ainda que com R$ 200 mil dá para contratar 20 homens, pagando em média R$ 700,00, e ainda sobraria dinheiro, para que os mesmos promovam uma limpeza geral em todas as áreas de lazer que estão em estado de abandono no município. “Não sou contra o futsal, pelo contrário, admiro, mas prefiro investir neste povo que tiro do próprio bolso. Voto não porque temos outras prioridades com o dinheiro público em nossa cidade”, concluiu.
O vereador Jaime Negherbon (PMDB) também listou uma série de restrições ao projeto, lamentando que “este abacaxi veio para nós aqui de novo”, mas acabou votando favorável por entender que a Malwee representou muito bem a cidade e o time deu muitas glórias, embora enfatizasse que concorda com o vereador Justino.
Lembrou que ocupou a tribuna em sessão anterior para lamentar que os bananicultores têm que carregar cachos de bananas nas costas ainda por causa de barreiras, que a usina de leite está há meses sem receber, que há problemas de saneamento. Contou que nesta terça-feira um cidadão do bairro São Luiz ligou, nervoso, porque não se resolve problemas de alagamentos e limpeza de valas, falta de pavimentação e buracos.
Jaime apelou ao presidente da associação, que faça a correta prestação de contas. “Se eu votar contra vão ficar brabos comigo, mas o povo me questiona do porquê não estão sendo feitas as melhorias. Como repassar este dinheiro, se estamos vivendo numa miséria?”. E citou o voto favorável em respeito ao empresário e presidente da Malwee Malhas, Wandér Weege.
A vereadora e professora Natália Lúcia Petry (PSB) também disse que tinha proposta de votar contra porque já foram repassados R$ 180 mil ao futsal neste ano, e que os valores são bastante altos em relação aos outros recursos públicos repassados pelas categorias de base.
Para Natália, os recursos públicos têm que atender a grande massa. Ela também lembrou que as entidades beneficiadas não voltam para prestar conta dos recursos, que não são poucos. A vereadora disse que neste ano a Câmara aprovou mais de R$ 6 milhões em convênios e subvenções, “o que é um valor bastante alto para não ter contrapartida do município”.
“Sabemos que há controladoria interna na Prefeitura para fazer o trabalho, mas a Câmara precisa ser fiscalizadora dos recursos públicos”. Tanto Natália quanto os demais vereadores têm refletido que a Câmara precisa rever com o Executivo estas questões das subvenções sociais e criar regras mais rígidas para os repasses para que não haja uma forma tão desproporcional entre uma entidade em detrimento de outra.
Ela também lembrou que enquanto o futsal levará mais R$ 200 mil, há famílias desabrigadas com as tragédias do ano passado ainda morando em galpões e salões de igreja. Algumas porque terminou o auxílio-aluguel e ainda continuam se moradia. “Enfim, teria uma série de motivos para votar contra este projeto, acompanhando as colocações do vereador Justino e de Jaime. Mas entendo que o município tem que investir em lazer, esporte, pois as pessoas precisam ter momentos de lazer. E como neste ano aprovei todas as subvenções, não vou terminar o ano desaprovando esta subvenção”.

[b]RETORNO PARA REDE HOTELEIRA E COMÉRCIO COMPENSARIA[/b]

O líder do governo, vereador Ademar Possamai (DEM), evitou falar sobre as tragédias e se concentrou somente nas alegrias. Disse que poderia discorrer durante muito tempo sobre todos os efeitos e reflexos do que representa o futsal, e que não tem dúvida do retorno que Jaraguá tem com este investimento no esporte, onde a cidade está indo para o mundo todo.
Diz que já teve a felicidade de encontrar o locutor Galvão Bueno em uma viagem e que quando se identificou como sendo uma cidadão morador de Jaraguá, Galvão logo se reportou à cidade como sendo “a terra do Falcão, uma cidade que valoriza o esporte”. Diz que ali percebeu que a importância que tem uma cidade com tal representatividade, entre outros títulos pelos quais a cidade é conhecida.
Segundo ele, os hotéis de Jaraguá e o comércio têm muito a agradecer aos eventos em que a Malwee participa. Disse que a contrapartida que a Associação dos Amigos do Esporte faz é trabalhando para envolver jovens que são atletas amadores, que a Malwee também trabalha a base e traz novos talentos.
“Não tenho nenhuma dúvida da relevância do projeto. R$ 180 mil era compromisso da administração anterior e esta administração não deixou de cumprir também. Concordo com Justino que o esporte amador é fundamental”, finalizou antes de votar seu sim.
O vereador Francisco Alves pediu aos colegas que refletissem sobre uma palavra, que para ele reflete a situação: verdade, e pediu menos falácias e mais ações. “Vivo no mundo real, gostaria muito de estar aqui aprovando este projeto, mas não posso porque já foi repassado R$ 180 mil e quem aprovou foram os vereadores. Fomos criticados quando mal iniciava um campeonato, porém, foi mostrado para os amantes do futebol que se a coisa vem certa e é distribuída proporcionalmente não tem porque não votar”.
Pediu reflexão em algumas colocações, lamentou que nem um centavo tenha sido destinado para o Juventus e questionou se o papel do vereador é realmente fazer estes repasses. “Jaraguá não é cidade deste ou daquele jogador, mas é a cidade dos trabalhadores”, alertou Francisco. Lembrou os problemas das creches, da saúde, e fez a pergunta contundente da noite: “Que eu lembre, o futsal, quantas casas conseguiu? Não estou lembrado se o futsal conseguiu… Chega de falácias aqui”, apelou aos colegas.
O vereador José Osorio de Avila (DEM) também se manifestou para reforçar o respeito às posições de cada um dos vereadores e para revelar seu prazer e orgulho em relação às conquistas do futsal, apesar de lamentar que tem munícipes há um ano sem resolver o problema de moradia provocado pelas enchentes. “É lamentável, porque eles passarão sem casas no Natal, pois está vencendo a segunda parcela dos aluguéis depois que terminou o auxílio, e se eu tivesse que escolher entre dois projetos, claro que votaria a favor da comunidade, mas também tenho orgulho de votar em favor do futsal, que traz alegria para muitos munícipes e me sinto honrado em saber que este projeto tem apoio de um empresário como o industrial Wandér Weeger”, finalizou.

Jornalista responsável: Rosana Ritta – Registro profissional: SC 491/JP

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