O vereador Justino Pereira da Luz (PT), que havia prometido na sessão da última terça-feira (6) que na quinta-feira leria a nota oficial do Partido dos Trabalhadores demonstrando a preocupação e insatisfação com o encaminhamento dado à prisão, por parte da Polícia Federal, do vereador José Ozorio de Avila (DEM), o Zé da Farmácia, que vem sendo tratado pelos demais como um caso particular, optou apenas por relembrar o assunto divulgando a campanha nacional Ficha Limpa, de combate à corrupção eleitoral.
Justino anunciou que ele e o colega de bancada, vereador Francisco Alves, vão elaborar uma moção propondo que os deputados federais aprovem o projeto de iniciativa popular que colheu 1 milhão e 300 mil assinaturas no Brasil todo, e que deve ir à votação em maio com os ajustes necessários. A campanha Ficha Limpa se posiciona contra a candidatura de políticos em débito com a Justiça, com o objetivo de levar em conta a vida pregressa dos candidatos, tornando mais rígidos os critérios de inegebilidade.
“A expectativa é que o projeto se torne lei e passe a valer em todas as eleições brasileiras, para moralizar a política brasileira, para que tenhamos neles um espelho para a sociedade”, reforçou o vereador, que pediu apoio para que se tenha uma lei severa que coíba a prática de eleger e votar em pessoas que não têm uma ficha limpa com a sociedade.
A respeito do vereador José Ozorio, Justino destacou que a nota do PT distribuída à imprensa na terça-feira sugere que o mesmo se afaste da presidência da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Saúde e Assistência Social da Câmara, por entender que não é eticamente aceitável que uma pessoa que está sendo investigada e foi presa por suspeita de venda de medicamentos contrabandeados, o que se caracteriza como crime contra a saúde pública, esteja justamente presidindo uma comissão que defende a saúde.
Da mesma forma, o PT propôs ao vereador que o mesmo se afaste de suas atividades legislativas, para que possa responder e defender-se das suspeitas que pesam sobre ele e que dê uma resposta à altura para a sociedade.
Francisco Alves também destacou que não tem nada pessoal contra o vereador Zé da Farmácia, mas defendeu: “É preciso esclarecer com a sociedade que não concordamos com atos não somente dele, mas dos demais envolvidos e também detidos, mesmo porque não estamos aqui para julgar”.
“Ele tem todo o direito de defender-se e espero que o faça, mas o PT, em nota já publicada, entende que ele, como legislador, é uma pessoa que deve dar exemplo para a comunidade, por isso sugerimos que peça o seu afastamento da comissão de saúde, para que as coisas sejam esclarecidas. Como vereadores temos o dever de esclarecermos os fatos ocorridos para a comunidade, independente de quem seja”, defendeu Francisco, para quem a situação é muito mais séria do que parece e estamos aqui para ajudar na seriedade e busca de uma sociedade mais justa”.
O líder do governo na Câmara e companheiro de bancada de José Ozorio, Ademar Possamai, disse que no seu entendimento este é um assunto que tem que ser resolvido pela Justiça. “Por enquanto, não há processo formal aberto. Precisa ficar preocupado, mas diz respeito à vida pessoal da empresa do vereador”, reforçou. Ele ainda citou o caso de uma pessoa que ficou 27 anos presa até conseguir provar que era inocente, e que por isso acredita que toda pessoa é inocente até que se prove em contrário.
Justino lembrou que em sua fala não condenou o vereador. Francisco também disse que ninguém foi acusá-lo, mas o PT pediu que ele se afaste para não dar um desgaste maior para ele próprio e porque os vereadores estão sendo cobrados pela sociedade.
“A hora que a Câmara tiver que agir, terá que agir”, ponderou Possamai, que reiterou que a campanha Ficha Limpa tem o seu apoio e certamente do Brasil inteiro em relação a esta questão, mas infelizmente o deputado Michel Temer diz que tem pressão e a base aliada não concorda. Para Possamai, é necessário discutir política com um pouco mais de seriedade e até certa antipatia no País.
Jornalista responsável: Rosana Ritta – Registro profissional: SC 491/JP