Na noite desta terça-feira (11), a Câmara Municipal de Jaraguá do Sul realizou uma audiência pública sobre a causa animal no município. Proposta pelo vereador Jeferson Cardozo (PL), a discussão teve como objetivo tratar de temas relacionados ao cuidado, abrigo, castração, alimentação e integração de animais domésticos e silvestres nas áreas urbanas e rurais, autorizados pela legislação em vigor. Entre os presentes estavam o presidente da Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (Fujama), Ivo Schmitt Filho, o policial militar e adestrador do Centro de Treinamento Vale dos Cães, Marcos Paulo Cattoni, a representante da ONG Focinhos Carentes, Graziele Lopes, e o comandante do 14° Batalhão de Polícia Militar, João Carlos Kuzzi.
A coordenadora de Controle de Zoonozes de Campo Grande-MS, Cláudia Ferreira, a médica veterinária, Heloise de Oliveira, e a diretora de Bem-Estar Animal de Florianópolis, Fabiana Baz, também participaram da audiência de forma online. Elas apresentaram as práticas bem sucedidas e os desafios que seus municípios tem com o objetivo de dar um panorama de como outras cidades tratam o assunto.
Durante o evento, Ivo Schimidt relatou o histórico das ações da Fujama com os animais abandonados na cidade e destacou que apenas em 2021 o município começou a tratar a causa de maneira mais incisiva. Desde então, os dados começaram a ser coletados e registrados. De acordo com ele, desde lá já foram resgatados 536 animais das ruas e mais de 3.500 foram castrados, além de mais de 22.500 animais terem recebido assistência veterinária. No entanto, ele afirmou que ainda existem desafios a serem enfrentados, como a falta de clínicas interessadas em se cadastrar para realizar castrações.
Ivo lembra que a Prefeitura jaraguaense tem avançado em diversos programas e ações, como o Adoção Responsável, atendimento emergencial, combate aos maus tratos e auxílio aos protetores individuais. Também foi realizado um censo animal nas escolas, com a participação de mais de 2.500 famílias. Para organizar o setor, a Rede de Atenção Animal foi criada.
Em 2022, ele continua, a Prefeitura investiu cerca de R$ 1,3 milhões na causa animal, e, para 2023, estão previstos mais de R$ 1,6 milhões. Segundo Schimidt, ainda há muitos desafios a serem enfrentados, mas muito já foi feito nos últimos anos. Ele adverte que um dos caminhos para resolver a situação é multar as pessoas que abandonam seus bichos de estimação em vias públicas do município. “Tem que doer no bolso”, afirma.
Graziele Lopes concordou com o ponto de vista de Schimidt sobre a necessidade de doer no bolso dos infratores que abandonam os animais nas ruas, mas para isso é preciso fazer uma campanha massiva de chipagem deles para identificar os seus donos. Ela apontou as dificuldades enfrentadas pelas ONGs e cuidadores independentes, principalmente pela falta de recursos para alimentar os animais. Graziele ainda destacou a importância do castramóvel para atender as famílias carentes e reduzir a fila de espera para castração em Jaraguá do Sul.
Ao fim da audiência, o presidente Jeferson Cardozo destacou a importância da discussão e pediu que o Executivo não deixe de atender a todas as demandas apontadas pelos participantes. Ele listou as sugestões dadas durante o debate, como a possibilidade de criar um centro de bem-estar animal. Além disso, estabelecer parcerias entre o governo local, ONGs e universidades para fornecer apoio estrutural para iniciativas de bem-estar animal, reduzir a burocracia para permitir que as ONGs arrecadassem fundos mais facilmente, fornecimento de assistência aos protetores independentes e ajudar as ONGs a obter a documentação necessária para receber financiamento do governo. O grupo também propôs a implementação de campanhas educacionais para conscientizar sobre o problema do abandono de animais, especialmente nas escolas, e defenderam a criação de programas semelhantes aos dos Países Baixos, que reduziram com sucesso o número de animais abandonados por meio de medidas como esterilização, microchipagem e vacinação.
Ao final, em entrevista à TV Câmara Jaraguá do Sul, Jeferson Cardozo afirmou que os presentes na sessão exprimiram todo o abandono do Poder Público Municipal e que os recursos investidos nos cuidados dos animais abandonados são muito aquém do necessário. Para ele, é importante que as demandas levantadas na audiência sejam levadas adiantes e que não sejam esquecidas pelas autoridades. “Vamos levar (as sugestões) para a Fujama. No prazo de 30 dias vamos aguardar essa resposta e não vamos querer que simplesmente caia no esquecimento. Vai ter que atender à causa animal para erradicar essa questão dos animais na rua”, salientou.
O protetor independente Márcio De Marco também falou à TV Câmara e disse que o debate e o diálogo podem fazer a diferença para encontrar a solução dos problemas da cidade. Para ele, é preciso encontrar os caminhos certos para as questões e não simplesmente achar culpados. “A conscientização da comunidade, acho que vamos conseguir daqui pra frente as coisas vão acontecer”, frisou.