A Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul realizou sessão solene em homenagem ao dia da Consciência Negra, comemorada em 20 de novembro, data esta que coincide com o dia da morte de “Zumbi dos Palmares“, em 1695. Sendo assim, o Dia da Consciência Negra procura remeter à resistência do negro contra a escravidão, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro em 1549. A data é marcada por atividades que visam demonstrar e valorizar a cultura e história da população negra.
Várias autoridades municipais participaram da solenidade, além de integrantes de grupos ligados à consciência negra. “A cultura e o resgate que procuramos fazer em Jaraguá do Sul, não é apenas a história do negro, é a cultura e a história do povo jaraguaense”, disse Luís Fernando Olegar, presidente do MOCONEVI – Movimento de Consciência Negra do Vale do Itapocu em seu discurso.
“Não deixem cair esta bandeira da igualdade racial, o ser humano tem que começar a se amar mais”, disse Everaldo Aparecido Corrêa, presidente de honra do CONEJAS – Comunidade Negra de Jaraguá do Sul.
O prefeito Antídio Lunelli ressaltou os méritos da etnia negra na construção histórica do município. “É com grande orgulho que realizamos esta homenagem”, disse ele.
Pedro Garcia, Presidente do Legislativo Municipal e Coordenador Geral da Comissão da Cultura Afrodescendente em Jaraguá do Sul, reafirmou a importância de celebrar a data. “É um dia que devemos comemorar. Temos que difundir a ideia da consciência negra na sociedade, para termos um estado tolerante, sem preconceitos”, frisou Garcia.
O Homenageado
Após uma viagem de navio com saída do Porto de Aruanda, na Angola, em 1880 Domingos da Rosa, acompanhado de seu pai João Estevão de Oliveira Rosa, e seus 04 irmãos chegaram em São Francisco do Sul.
Vieram para a região junto com o fundador do município Emílio Carlos Jourdan. Até Jaraguá, foram 15 dias navegando pelas águas do Rio Itapocu.
Domingos da Rosa deixou 36 descendentes. Somente dois filhos estão vivos, sendo um deles um morador muito conhecido no Morro do Boa Vista, comunidade afro remanescente de Jaraguá do Sul.
O homenageado, senhor Norberto da Rosa, nasceu em 5 de maio de 1936, em Jaraguá, parto realizado pela própria irmã de nome Inocência Rosa.
Aos 81 anos, aposentado, reside aos fundos de um terreno na rua que leva o nome de seu pai, Domingos Rosa.
Nesses poucos metros quadrados, concentram-se capítulos da história de Jaraguá do Sul, preservados na memória de um descendente de colonizadores.
Recorda das histórias contadas pelos familiares. “Os negros que chegavam na cidade se instalavam no Boa Vista, que era chamado pejorativamente como Morro da África”.
O aposentado foi peça importante para o desenvolvimento do morro. Assumiu a presidência da associação de moradores do bairro, lutou pela instalação de um posto de saúde e pela passagem da linha de transporte coletivo. Também dedicou parte de seu tempo dando aulas de futebol para crianças da localidade.
Nos anos 50 e 60 o esporte o integrou à sociedade jaraguaense. Foi goleiro pelas equipes do Água Verde, Cruzeiro, Acarai e Tupi. Hoje recorda com saudades dessa fase de sua vida, das amizades conquistadas através do futebol.
Tem orgulho de ser negro, nasceu e cresceu aqui sob os costumes afro descendentes. Deseja que todos sejam felizes, unidos e cada vez mais pratiquem o amor ao próximo.