A Câmara de Vereadores realizou sessão solene nesta terça-feira (20), em homenagem ao dia da Consciência Negra. A data coincide com a morte de “Zumbi dos Palmares“, em 1695. Sendo assim, o Dia da Consciência Negra procura remeter à resistência do negro contra a escravidão, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro em 1549.
A Comunidade Negra de Jaraguá do Sul – CONEJAS – foi a entidade homenageada da noite, por seus relevantes trabalhos no combate ao racismo e geração de mais oportunidades para a população negra.
Em 2004 a Conejas, entidade sem fins lucrativos, passou a ser considerada de utilidade pública.
Com finalidade cultural, social, desportiva e recreativa, a Comunidade Negra de Jaraguá do Sul busca difundir a democracia racial; lutar pelo direito de seus associados; promover cursos, palestras e eventos; propor reuniões de caráter cultural, cívico, recreativo e artístico; combater o racismo, a discriminação racial, social e o preconceito da cor.
Destacam-se entre as ações praticadas pelo grupo, a realização de um torneio de futebol para haitianos, acolhimento e ajuda através de doações para famílias carentes, e a intermediação jurídica com o objetivo de auxiliar casais e famílias em disputas judiciais.
A Conejas também é responsável pela criação e manutenção do grupo Diamantes da Vila Lenzi, time de futebol juvenil que atende cerca de 32 meninos na faixa etária de 08 a 15 anos de idade.
Em seu discurso o presidente de honra da Conejas, Everaldo Corrêa, falou sobre a importância da igualdade, da quebra de paradigmas e da necessidade de mais inclusão. “É para estar cheio de negros aqui. Eles não vieram, foram todos convidados. Que venham, porque as portas estão abertas, vamos mostrar nossas qualidades e competências. Vamos busca-los. Nós não vamos desistir nunca”, frisou.
Emanuela Wolf, representando o prefeito municipal, falou sobre respeito às diferenças e inclusão. “Tudo passa pela educação. Temos que ter consciência do respeito ao próximo”, pediu.
O vereador Pedro Garcia, também fez uso da palavra. Lembrou da trajetória dos negros em Jaraguá do Sul e dos trabalhos que buscam resgatar as origens da comunidade negra na cidade. “Resolvemos fazer um livro que resgata a cultura, a história afro em Jaraguá do Sul. Está em fase adiantada já”, comemorou.
O presidente do Legislativo, Anderson Kassner, falou sobre a importância de dar cada vez mais visibilidade ao Dia da Consciência Negra e da necessidade de avanços nas politicas de igualdade racial no país. “O respeito, os valores sobre igualdade vêm de berço”, acrescentou ele.
A História
Na sessão foram lembrados fatos históricos importantes, como a chegada dos primeiros negros em Jaraguá do Sul no início do século XX. Sessenta trabalhadores foram transportados em canoas de São Francisco até a região, com a finalidade de trabalhar no engenho de cana e farinha pertencente a Emílio Carlos Jourdan.
Com a falência do engenho Jaraguá, esses trabalhadores ficaram sem pagamento e nem lugar para morar.
Expulsos da região central, onde já tinham estabelecido moradia, foram obrigados a se mudar para o morro da Boa Vista.
Com muitas dificuldades passaram a sobreviver através de estratégias de produção coletiva e vínculos familiares.
Em 1960 a expansão industrial possibilitou pela primeira vez o emprego da mão de obra negra nas indústrias locais.
Apesar desse avanço, foi necessário a quebra de várias barreiras de isolamento social e racial ao longo dos anos.