Atendendo a um requerimento das vereadoras Nina Santin Camello (PP) e Sirley Schappo (Novo), o presidente e idealizador do Instituto Casa da Mulher, pastor Rudi Sano, participou da sessão desta quinta-feira (7) na Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul. Ele apresentou aos parlamentares jaraguaenses os números da instituição que está localizada em Guaramirim e atua oferecendo acolhimento, abrigo, auxílios jurídico, psicológico e profissionalizante a mulheres vítimas de violência doméstica dos municípios da região do Vale do Itapocu.
O pastor iniciou sua fala advertindo que nos últimos anos as ocorrências de violência contra a mulher têm crescido muito em Santa Catarina e no Brasil, principalmente por conta da pandemia de coronavírus que deixou as famílias por mais tempo dentro de casa. Ele lembra que a concepção da Casa da Mulher aconteceu em 2019, justamente por conta do aumento desses casos. Para dar uma ideia do volume de incidentes, Rudi mostrou que, na Justiça catarinense, há 41.743 processos em andamento envolvendo violência doméstica contra a mulher e afirmou que esse número só é menor que o de tráfico de drogas.
É por conta dessas situações que as mulheres não podem voltar ao seu lar, justamente para não sofrer mais agressões. Porém, alerta Rudi, as medidas protetivas exaradas pela Justiça demoram, às vezes, dias e as vítimas não encontram lugar para ficar. “Elas ficam no entorno da delegacia ou na rua, enquanto não conseguem a medida protetiva contra o agressor”, alertou.
A realidade nos municípios da região não é diferente. Segundo o presidente, atualmente, o Instituto atende a 13 mulheres de Guaramirim, 10 de Jaraguá do Sul, quatro de Massaranduba, duas de Pomerode, duas de Schroeder e duas de Corupá. Ele frisa que a porta de entrada para elas, ou seja, onde elas chegam primeiro e depois são encaminhadas para a entidade, são normalmente órgãos do Poder Público, como Creas, Cras, Policia Militar, Policia Civil e Conselho Tutelar.
Durante a sessão, Sirley Schappo lembrou da moção de apelo que ela e Nina fizeram no ano passado que pediu ao Executivo de Jaraguá do Sul a realização de um consórcio ou convênio para implantação de uma Casa Abrigo na cidade, nos mesmos moldes da Casa da Mulher em Guaramirim. A ideia era que esse consórcio fosse firmado entre os municípios da região, através da Associação dos Municípios do Vale do Itapocu (Amvali), para diluir os custos operacionais entre as prefeituras. Porém, ela avisou que a Amvali não vai colocar em prática o projeto. “Lamento profundamente que a resposta tenha sido negativa”, frisou.
O pastor Rudi relatou que os custos da Casa da Mulher ficam no patamar dos quatro mil reais mensais. O maior gasto é com a alimentação: cerca de R$ 2 mil. As demais despesas são com contas de água, luz, gás, produtos de higiene e outras. Para manter tudo isso, os recursos são obtidos através de doações, ações beneficentes e parcerias com empresas privadas. O pastor informa que o próximo passo do Instituto é a mudança para um local maior, mais adequado às necessidades das mulheres e com acessibilidade, o que aumentaria os custos por conta do aluguel: cerca de R$ 4 mil. Hoje o local onde a Casa está localizada é cedido pela Igreja Batista. Conforme ele conta, a entidade está recusando mulheres que chegam até ela por conta da falta de espaço.
A vereadora Nina lembrou que tramita no Legislativo de Guaramirim um projeto de lei que pretende tornar a Casa da Mulher de utilidade pública para o município e que isso será de suma importância para buscar recursos junto ao Executivo guaramirense. “A gente torce para que na nossa comunidade a gente tenha mais pessoas como você, com esse olhar para o nosso povo e olhar para as pessoas, que são o maior patrimônio que nós temos”, ressaltou.
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