A Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul realizou uma sessão solene na noite desta terça-feira (22) para marcar a passagem do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. A oportunidade teve o objetivo de homenagear pessoas negras que atuaram no município e contribuíram para a sociedade jaraguaense. Durante a solenidade, houve apresentações culturais e de conscientização. A professora e pesquisadora Rosa Nilva de Mello interpretou a música “Baba Yetu”, o Pai Nosso africano. A aluna da EMEB Alberto Bauer, Poliana Ferreira Nart, recitou o poema “A menina que nasceu sem cor”, de Midria Pereira Silva.
Além dos vereadores jaraguaenses, também estiveram presentes no evento o presidente do Movimento de Consciência Negra do Vale do Itapocu (Moconevi), Luís Fernando Olegar, a presidente da Câmara Mirim, Bruna Lazarotto, a secretária de Assistência Social e Habitação, Níura Demarchi, e o presidente de honra da Comunidade Negra de Jaraguá do Sul (Conejas), Everaldo Aparecido Corrêa. Este último, além de representar a entidade, foi um dos homenageados.
Nascido em Arapongas-PR, Everaldo é casado com Marcia Denize Rother, com quem teve sete filhos. Reside em Jaraguá há 25 anos. Trabalhou no jornal Correio do Povo, na área de vendas e, posteriormente, na área jurídica no escritório de Magrit Marquart. Em 2000, fez o seu próprio escritório S.O.S. – Cidadão, Consultoria Previdenciária. Em 2004, foi um dos criadores da Conejas.
Cleber Sebaje Freitas foi outro congratulado com placa e flores do Legislativo jaraguaense. Natural de Pelotas-RS, o homenageado chegou em Jaraguá em 1992 contratado pela empresa WEG. Atuou lá por 10 anos. Depois disso, foi cofundador das empresas Automatronic e Verka Energy. Hoje atua como consultor de vendas na área de eletro eletrônicos, atendendo clientes de todo o Brasil e América Latina. Cleber também foi cofundador do Moconevi e, junto com os demais membros do movimento, é ativista no resgate e manutenção da cultura afro-brasileira e pelas causas da igualdade social e racial no município e na região.
Além deles, Rita de Cássia Ramos foi mais uma a receber a homenagem da Casa de Leis jaraguaense. Natural de Florianópolis, veio para Jaraguá do Sul com 12 anos em 1964. Aos 19 anos ingressou na empresa WEG, onde se aposentou em 2018. É mãe de quatro filhos e avó de sete netos. Membro ativa do Moconevi desde sua fundação, tem orgulho de lutar pelo povo afrodescendente.
Ao fazer uso da palavra, a vereadora Sirley Schappo (Novo), propositora da solenidade, afirmou que ainda há muito trabalho a ser feito pela sociedade e pelo Poder Público em relação à situação dos negros no país. A parlamentar comenta que gostaria que não fosse preciso um Dia da Consciência Negra e nenhuma outra data que combata a discriminação, já que isso denota o quanto a sociedade é disfuncional.
“Quando nós ainda precisamos de datas assim, é porque ainda estamos falhando como sociedade. Alguma coisa não está sendo bem feita para que todos possam ter os mesmos direitos perante à lei”, advertiu Sirley.
A vereadora ainda lembrou da frase da filosofa Angela Davis: “Não basta você não ser racista. É preciso ser antirracista” e finalizou dizendo que é preciso abraçar a causa, independente da cor de pele de cada um.
Luís Fernando Olegar também discursou e lembrou que a Câmara de Vereadores jaraguaense sempre foi parceira do movimento negro. Ele lembrou da história do Moconevi e de tudo o que foi feito até aqui. Para o presidente, a sociedade tem uma dívida grande com os descendentes de africanos, mas não só as pessoas brancas. Para ele, os negros também têm uma dívida com os seus antepassados, que abriram caminho para que hoje seus descendentes pudessem ter direitos e oportunidades.
“Se meus ancestrais não tivessem enfrentado tudo, eu não estaria aqui. Então eu não tenho o direito de me omitir. Nenhum de nós negros tem o direito de se omitir. Nós temos a obrigação de transformar o mundo num lugar melhor para os nossos filhos”, enfatizou.
Representando os homenageados, Everaldo Aparecido Corrêa fez coro à ideia e ressaltou que ele teve muito menos oportunidades que seus filhos e seus netos. O presidente do Conejas salientou que esse é um processo histórico natural e que as futuras gerações precisam estar em um mundo com menos discriminação, mas frisa que é preciso correr atrás das conquistas, e não esperar que elas caiam nas mãos. Para Everaldo, não são só os negros que sofrem com o preconceito, mas sim todas as etnias. “Na verdade, a discriminação é um câncer e nunca vai sarar”, advertiu.
O presidente do Legislativo, Jair Pedri (PSD) lembrou que, por trás do dia 20 de novembro, existe uma história de dificuldades e de resistência do povo negro, ou seja, um regime de escravidão colonial que durou quase 400 anos e que, para o vereador, jamais deve ser esquecido. Ele lembrou de todos os seus amigos negros que teve durante sua vida e o quanto eles o ajudaram a ser o que é hoje.
“Todos nós, que não aceitamos uma sociedade de exclusões, precisamos unir forças pelo fim da desigualdade étnico-racial. Pela valorização da cultura negra e pelo fim da intolerância”, advertiu o presidente.
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