Andar dentro do limite de velocidade, estar atento e respeitar a sinalização, não se distrair com celular nem outros aparelhos. Essas são algumas atitudes que poderiam ter poupado a vida de milhões de pessoas no trânsito brasileiro. O desrespeito a essas regras parece ter crescido nos últimos anos em Jaraguá do Sul, a ponto de a segurança no trânsito ser um dos temas mais debatidos e objeto de proposições na Câmara Municipal jaraguaense. Ao fazer uma busca rápida no site do Legislativo, é possível encontrar centenas de matérias sobre o assunto nos arquivos.
A lista de indicações, moções e pedidos de informações é grande e envolve questões como lombada eletrônica, faixa de pedestre elevada, sinalização, ciclovias e outras medidas de segurança para o tráfego de pedestres, ciclistas e veículos. O vereador Jair Pedri (PSD), por exemplo, alertou os demais parlamentares, na sessão do dia 14 de fevereiro, para a necessidade de iniciar o debate sobre a regulamentação de meios de locomoção pequenos em Jaraguá. Ele lembra que alguns acidentes têm sido causados por patinetes elétricos, bicicletas elétricas, monomotores e outros veículos leves. Para Pedri, isso ocorre pelos mesmos motivos dos acidentes com carros, motos e caminhões: a imprudência e o desrespeito às leis.
Dessa forma, como a causa dos acidentes é a mesma, ele aponta que a solução também deve ser idêntica: controle de velocidade e punição. Jair afirma que defende a implantação de lombadas e controladores de velocidade nas vias da cidade. Conforme o vereador, as punições só acontecerão para quem desobedecer a regra. Ele próprio admite que já sofreu multas de trânsito por andar acima da velocidade permitida.
“Só teve um culpado: eu. Porque excedi a velocidade. E eu gosto de lombada física porque ela segura o trânsito”, enfatizou.
Para exemplificar, Jeferson Cardozo (PL) lembrou da criança morta ao ser atropelada por um caminhão na Ilha da Figueira no início de 2023. Ele afirma que uma faixa de pedestres elevada teria salvo a vida dela. O vereador acredita que a melhor solução para a velocidade no fluxo de veículos é a lombada eletrônica, pois educa os condutores na dor da multa, ao contrário das barreiras físicas.
Já o presidente da Casa de Leis, Luís Fernando Almeida (MDB), chamou a atenção para o fato de as lombadas físicas e as faixas de pedestre elevadas atrapalharem o deslocamento de viaturas de emergência, como as de bombeiros, polícias e ambulâncias. Segundo o chefe do Legislativo, somente na Rua José Theodoro Ribeiro, no bairro Ilha da Figueira, há mais de 200 pedidos de implantação de lombadas. Ele ainda lembra que, ao todo, são mais de 1.500 pedidos de lombadas protocolados na Diretoria de Trânsito.
“Não é que não seja necessário, mas se tivéssemos tudo isso atendido, a cada 10 metros teríamos uma lombada”, ilustra.
O parlamentar aponta que o correto é se ater aos critérios técnicos utilizados para implantação de redutores de velocidade e investir na conscientização dos motoristas jaraguaenses. Para Almeida, o trabalho deve ser amplo, desde as escolas até os adultos.
Osmair Gadotti (MDB) afirmou que os vereadores recebem muitos pedidos de moradores dos bairros que conhecem bem as ruas da vizinhança e o trânsito dos locais. Ele adverte que muitos motoristas sequer respeitam o limite de velocidade nas proximidades de escolas e hospitais. O vereador também acredita que a implantação indiscriminada de redutores de velocidade não é a melhor solução. Para ele, a conscientização é o melhor caminho.
E na mesma sessão Sirley Schappo (Novo) advertiu que há algo de errado com a educação dos motoristas jaraguaenses e que essa realidade precisa mudar.
“O número de lombadas de uma cidade é inversamente proporcional à educação dos motoristas. Quanto mais lombadas precisa ter uma cidade, mais mal educado é o povo que usa o trânsito daquela cidade”, frisou.