Vereadores de Jaraguá do Sul abordaram, durante a sessão desta quinta-feira (22) na Câmara Municipal, a polêmica causada nesta semana sobre os banheiros de um Centro Municipal de Educação Infantil no bairro Nereu Ramos. Conforme relata Osmair Gadotti (MDB), o pai de uma menina de seis anos de idade que frequenta a unidade reclamou com a direção do CMEI sobre o fato de os banheiros do local serem compartilhados entre meninos e meninas. Isso estaria constrangendo a criança que, por consequência, não faz as necessidades fisiológicas na creche e espera para fazê-las em sua casa, chegando, inclusive, a fazer xixi nas próprias roupas por conta disso.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação afirmou que não há nada de errado com os banheiros dos centros de educação infantis, já que eles são compartilhados entre ambos os sexos como uma forma pedagógica e segura de cuidar das crianças. A resposta também avisa que essa é uma orientação do Ministério da Educação do Governo Federal e que não é possível entender a questão por um viés sexualizado, já que apenas crianças de 0 a 5 anos de idade frequentam a creche. A pasta ainda adverte que a menina em questão tem seis anos porque entrou na Rede Municipal de Ensino após a data de corte.
Gadotti lamentou o fato de o pai ter chamado um candidato a deputado estadual para interceder no caso. Ele conta que o político entrou na unidade de ensino e intimidou as professoras e os funcionários. “Professoras me mandaram vídeos chorando”, explicou.
O vereador lembra que também é pai de duas meninas que frequentaram a mesma instituição em questão e nunca viu nada que agravasse o trabalho dos profissionais que atuam no local. Para Gadotti, essa situação está vilipendiando o bairro onde mora e onde foi criado. Ele aponta que o melhor a fazer em casos como esse é procurar dialogar com as autoridades e buscar uma solução que atenda às necessidades das crianças, para o bem da educação delas. O parlamentar também sugere que os pais sejam mais presentes nas escolas e CMEIs para que possam entender melhor o funcionamento da educação de seus filhos e participarem da construção do ambiente escolar, assim questões como essa poderão ser resolvidas da melhor forma.
“Não vamos denegrir a imagem de uma instituição que por longos anos vem prestando um serviço que é imprescindível à comunidade de Nereu Ramos e do seu entorno. É uma das melhores creches que nós podemos ter. Todas as pessoas ali estão trabalhando e se esforçando ao máximo. Estão se dedicando com amor e com carinho para os nossos filhos. Por isso, tenhamos muito cuidado”, advertiu.
Outros vereadores também comentaram o assunto e repudiaram a polemização do caso em redes sociais. Jeferson Cardozo (PL) recordou que o fato de não ter tranca nas portas dos sanitários de CMEIs é normal por conta do risco de as crianças se machucarem. Porém, para ele, os banheiros deveriam ser separados por gênero, masculino e feminino, para que as crianças saibam desde os primeiros anos de vida a discernir onde pode entrar e onde não pode. “Tem que existir uma diferenciação. Tem que existir o banheiro para o sexo masculino e um banheiro para o sexo feminino”, destacou.
Luís Fernando Almeida (MDB) criticou o candidato que fez a polêmica para se promover, sem ao menos buscar o diálogo com as autoridades responsáveis pela questão. “Essas pessoas que atacam por acatar, com interesses políticos, esquecem que muitas vezes estão atacando pais de família, professores e funcionários que estão lá na ponta dando o sangue para desenvolver um excelente trabalho”, explicou.
Rodrigo Livramento (Novo) chamou a atenção para o fato de os banheiros compartilhados serem uma orientação do Executivo Federal e frisou que situações como essa deveriam ser decididas pelos entes que estão mais próximos aos cidadãos, ou seja, os municípios. Dessa forma, os pais dos alunos teriam mais poder de influenciar na gestão escolar das unidades que atendem a seus filhos. “Será que faz sentido lá em Brasília decidirem como vão ser construídos os banheiros em Jaraguá do Sul ou lá em Belém do Pará ou seja lá de onde? Será que não deveria ser tomada essa decisão nas cidades, nos bairros, junto à comunidade?”, indagou.
Sirley Schappo (Novo) salientou que o foco da questão está na aluna de seis anos de idade que passa por um constrangimento. “Uma criança está se sentindo constrangida de ter que fazer as suas necessidades na frente dos demais, nos banheiros sem portas”, pontuou. Ela afirma que o pai deveria ter procurado o diálogo para entender do caso, pois os banheiros unissex não são uma invenção da Secretaria Municipal de Educação, já que eles são assim há muitos anos, desde o início do ensino infantil. Todavia, a vereadora entende que a questão é pontual e que a menina precisa de uma solução para resolver o seu problema.
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