O vereador Jean Carlo Leutprecht (PCdoB) comentou, na sessão da última terça-feira (25), a atual situação da empresa Schnell Brasil. Segundo o vereador, a metalúrgica precisou se retirar do bairro Chico de Paula, pois incomodava os vizinhos com o barulho causado pelo ramo de atuação, e se instalou no bairro Ribeirão Cavalo. A empresa quase foi para Guaramirim, mas, na época, o prefeito Moacir Bertoldi intercedeu através da secretaria competente e viabilizou um imóvel para a instalação da empresa, explicou.
Segundo Jean, a Prefeitura pretende construir pelo programa Minha Casa, Minha Vida; um conjunto habitacional ao lado da empresa. Há espaço para mais empresas e a Schnell tem um projeto de expansão naquela área, disse. O vereador afirmou que futuramente haverá transtornos causados pelo ruído produzido pela empresa. “Quando houver famílias morando naquele local e alguém reclamar do barulho das empresas, alguém será responsabilizado. Nesse caso, será a administração municipal”, frisou.
Jean comentou que os secretários municipais Aristides Panstein (Planejamento), Célio Bayer (Indústria, Comércio e Turismo) e o vereador Ademar Possamai (DEM) foram contrários à construção do condomínio e tentaram intervir na decisão, mas não conseguiram revertê-la. “Houve também a questão da aprovação de várias questões pelo Comcidade [Conselho da Cidade], que, para mim, no mínimo, comeu bola”, criticou.
Ele disse que poderia ter trazido o assunto para a Câmara anteriormente, mas os dirigentes da empresa pediram que esperasse o final das negociações com a Prefeitura, que não deu resultado. Jean alertou que o Comcidade tem de prestar mais atenção para questões deste tipo, pois amanhã ou depois os conselheiros podem responder por suas ações na justiça. O vereador ressaltou que não houve participação da Câmara na decisão do local.
A presidente da Câmara, vereadora Natália Lúcia Petry (PSB), disse que foi convidada pela Schnell para uma reunião sobre o assunto no início do ano. Segundo ela, houve a tentativa de se entrar em contato com as autoridades para achar uma solução para a questão, mas não houve diálogo. “Pela falta de diálogo, nós vamos ter um problema social que vai se agravar daqui a alguns anos, salientou a presidente.
Jean comentou que a empresa tem o direito de permanecer na área, pois já havia saído de outro local para se instalar naquela localidade. “Ela foi colocada lá para gerar empregos e até conseguir escoar seus produtos mais facilmente por causa da BR-280. O que fizeram? Colocaram um conjunto habitacional que vai trazer problemas em um segundo momento”, disse.
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Local do condomínio não seria adequado[/b]
O vereador do PCdoB comentou que a empresa se dispôs a comprar um terreno na região central do bairro Nereu Ramos, que oferece uma melhor infraestrutura para o condomínio, mas a Executivo não quis esperar por questões contratuais que levariam cerca de 90 dias. “Infelizmente, a Prefeitura não foi sensível para esta situação”, exclamou.
O vereador Justino Pereira da Luz (PT) lembrou que o Comcidade não observou o estudo de impacto de vizinhança, necessário para a autorização de construção de qualquer empreendimento. “Será que esse [estudo] de impacto de vizinhança foi burlado ou foi visto com um olhar diferenciado? As famílias sabem que há uma empresa que está se expandindo? Como fica essa questão daqui a cinco anos?”, questionou.
Jean comentou que o local da construção do condomínio não oferece uma infraestrutura adequada para os futuros moradores. “Serão 290 famílias e a escola Ribeirão Cavalo não tem condições de atender a isso aí tudo”, disse. O vereador chamou atenção para o fato de o transporte coletivo ser deficitário na localidade. “Há uma série de fatores que não foram observados pelo Comcidade e pela administração municipal”, constatou.
O vereador Amarildo Sarti (PV) comentou o fato dos estatutos serem ignorados em Jaraguá do Sul. O vereador afirmou que a Prefeitura ignora a posição população na hora de realizar obras e empreendimentos públicos. Segundo ele, além desse condomínio há a ponte da Vila Rau em que, mesmo com o apelo da comunidade por um novo local, há a insistência de construir onde a comunidade não quer. Ele sugeriu que se entrasse na justiça para a empresa possa reaver seus direitos.
Jean Leutprecht lamentou o fato de o condomínio ser localizado às margens da BR-280, pois haveria dificuldades de se fazer uma duplicação da rodovia. Ele disse ainda que não há ilegalidade para a construção do empreendimento, mas houve falta de bom senso das pessoas que estão a frente do projeto na escolha do local.
O líder de governo, Ademar Possamai (DEM), enfatizou que também é contrário à construção do condomínio ao lado da empresa. Segundo ele, a diretora de Habitação, Maristela Menel, alegou que se a Schnell não conseguisse a liberação do novo terreno, não haveria a liberação do projeto naquele local. Possamai explicou que houve manifestações por parte da comunidade para que o condomínio não fosse construído no local atual.