Os vereadores Francisco Alves e Justino Pereira da Luz, ambos do Partido dos Trabalhadores, aguardam informações da assessoria da deputada estadual Ana Paula Lima (PT) a respeito da audiência que ela teria nesta terça-feira com o secretário de Saúde do Estado para falar sobre o impasse que envolve a Associação Jaraguaense dos Deficientes Físicos (Ajadefi) e o conselho deliberativo do Hospital São José. Com contrato em vigor até 2012 para administrar o estacionamento do hospital, proporcionando emprego para 15 deficientes físicos, a Ajadefi está sendo pressionada a abandonar o posto e tinha prazo até a segunda-feira, 14 de junho.
No mesmo dia, a deputada esteve reunida na Câmara de Jaraguá do Sul com os dois vereadores, o presidente da Ajadeci, Valdecir Titon, e o diretor do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos da Saúde de Joinville e Região, Almir Alexandre. Titon explanou a situação à deputada e pediu apoio a ela para que intercedesse, já que o hospital recebe recursos municipais, estaduais e federais. Sensibilizada, a deputada ficou de conversar com o secretário e também procurar a Congregação da Divina Providência, mantenedora da instituição.
O assunto já havia sido levantado na Câmara por várias vezes pelos vereadores. Eles chegaram a cogitar uma reunião com as partes envolvidas, para uma tentativa de acordo. Porém, o representante do hospital não concordou e a Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Saúde e Assistência Social, presidida pelo vereador José Ozorio de Avila, ouviu separadamente ambas as partes, sem que novos encaminhamentos fossem tomados. O conselheiro não autorizou nem mesmo a divulgação do conteúdo da reunião.
O presidente da Ajadefi garante que sua situação está totalmente regularizada e não há pendências com o hospital que justifiquem a quebra do contrato como exige o presidente do conselho deliberativo. A Prefeitura, que direciona recursos para o hospital, também tentou interceder, mas sem resultados.
“A prefeita até se dispôs a ajudar os 15 trabalhadores portadores de deficiência que atuam no estacionamento, mas não queremos cestas básicas ou apoio financeiro, o que está sendo negado a eles é uma oportunidade de trabalho, a dignidade. Eles receberam a chance de deixarem o ostracismo, de se esconderem, de saírem de suas casas e serem inseridos na sociedade, e agora está sendo negado isso novamente”, lamentou Titon.
SINDICATO PRESTA SOLIDARIEDADE
A mesma preocupação foi reafirmada pelo diretor do sindicato, que disse que a entidade está tentando ajudar a Ajadefi por solidariedade. “Lamentavelmente, quando todos falam em inclusão, o que o Hospital São José, uma entidade que recebe recursos públicos, está fazendo é política de exclusão, tirando destas pessoas já tradicionalmente discriminadas pela sociedade, a chance de garantirem sua subsistência pelo trabalho”, lamentou Almir Alexandre.
A Ajadefi diz que a decisão do hospital em romper o contrato foi uma espécie de presente natalino ao contrário, pois ela foi informada no dia 24 de dezembro. O prazo para sair seria em 31 de março, e depois que o assunto se tornou público, até 14 de junho.
Segundo ele, todas as tentativas de acordo com o conselho foram infrutíferas. Como explicação para o fim do contrato, está a conclusão que depois de 14 anos de trabalho os deficientes não estariam aptos a tratar com o público. Titon disse que se o problema for este, os atendentes poderão passar por treinamento. Se tiver que fazer um seguro também a associação pode providenciar.
A Ajadefi recolhe em torno de R$ 25 mil mensais, repassa um valor fixo para o hospital e o restante paga os salários dos atendentes. No caso de quebra do contrato, a associação não tem nem mesmo como pagar as rescisões trabalhistas, pois o estacionamento dos dois hospitais e a lanchonete da rodoviária são as únicas fontes de renda, que garantem assistência para 550 associados, seja em forma de cestas básicas, fraldas, medicamentos, muletas ou outros atendimentos.
Francisco Alves lembrou que o assunto já foi conversado na Câmara, mas lamentou que não foi dada a atenção merecida aquelas pessoas, e que venceu no dia 14 o prazo para que eles deixassem o posto de serviço, embora o contrato vá até o ano de 2012.
“Temos que olhar com um pouquinho mais de carinho para estas pessoas. Num momento de inclusão, não podemos exclui-las. Ao invés de levantar a auto-estima, mostrar que são úteis para a comunidade, agora querem cortar os sonhos para estas pessoas, que trabalham e ajudam também aquelas que não têm condições. Vamos parar de sermos hipócritas e agir”, apelou aos colegas.
A Ajadefi cobra R$ 1,00 a hora no estacionamento. O hospital quer terceirizar o sistema e cobrar em torno de R$ 2,50.
Jornalista responsável: Rosana Ritta – Registro profissional: SC 491/JP