O vereador José Osorio de Avila (DEM) comentou, na sessão da última quinta-feira (2), a atual situação do setor de confecção de carteiras de identidade da Delegacia Regional de Jaraguá do Sul. Segundo ele, no dia em que esteve lá verificando a situação havia cerca de 30 pessoas para serem atendidas, mas só há 15 senhas para o atendimento dos munícipes de manhã e mais 15 à tarde. Além das dificuldades do público, o vereador observou também que as condições de trabalho dos funcionários são precárias e que falta pessoal para ampliar o atendimento do público.
“Há dois computadores, mas apenas um funcionando. Máquinas remendadas com fita durex”, disse José Osorio, ao explicar que a falta de funcionários é suprida com estagiários, que fazem o atendimento direto ao público. Ele conversou com o delegado regional Uriel Ribeiro, que confirmou a dificuldade provocada pela falta de pessoal. Esta deficiência no setor de segurança pública, segundo o vereador, é um problema, assim como na saúde e na educação. “Sai um, entra outro e a cidade fica a mercê [dessa situação]”, frisou.
O vereador lamentou que os policiais tenham que enfrentar plantões desgastantes e, por isso, o atendimento à população é prejudicado. O vereador Jaime Negherbon (PMDB) aproveitou para comentar que o Instituto Médico Legal também vive situação precária por falta de funcionários para exercer esse trabalho. “Na verdade, quando alguém morre não tem ninguém para recolher o corpo. Os bombeiros acabam fazendo esse serviço”, disse.
As delegacias de polícia ligadas a 15ª Regional de Polícia Civil, situada em Jaraguá do Sul, são alvo constante de reclamações da população jaraguaense. Apesar de operar com equipamentos em bom estado e não ter problemas estruturais em suas unidades, as delegacias enfrentam uma grande dificuldade: a falta de policiais.
O delegado regional Uriel Ribeiro comenta que a falta de efetivo é um problema antigo e generalizado. “Todas as delegacias têm certa deficiência. Inclusive, a Delegacia Regional”, diz Ribeiro, ao ressaltar que faltam delegados para atender à demanda da cidade.
Segundo ele, Jaraguá do Sul não é a única cidade que sofre com a falta de efetivo. “Massaranduba tem um só policial, mas deveria ter dois no mínimo. Da mesma forma, Schroeder precisaria ter dois policiais”, ressalta o delegado. Uriel lembrou que até mesmo a inauguração da delegacia da mulher, agora confirmada para o dia 14 de setembro, esteve ameaçada, pois sem policiais é impossível instalar o sistema de plantão na delegacia especializada.
Os policiais civis que cuidam das delegacias da região trabalham em regime de plantão. A cada 24 horas trabalhadas, o policial tem direito de folgar 48 horas, algo que se torna desgastante para os profissionais. “O ideal seria trabalhar numa escala de 12 por 24. Eles trabalham nessa escala para que sobre pelo menos duas pessoas para fazer os serviços de expediente e as investigações”, explica.
A escala, segundo o delegado, desgasta e desmotiva os policiais civis, que chegam exaustos ao fim das 24 horas seguidas de trabalho. O ideal é o sistema de 12 horas, que não desgasta tanto os profissionais. “Esta escala é muito pesada para os policiais”, reitera o delegado regional.
[b]SETOR DE IDENTIFICAÇÃO E IML PERTENCEM AO IGP[/b]
O Setor de Identificação e o Instituto Médico Legal (IML) não pertencem mais à Polícia Civil. Agora, eles estão ligados ao Instituto Geral de Perícias (IGP), órgão ligado à Secretaria Estadual de Segurança Pública. “Em Jaraguá do Sul, não houve essa separação na prática. Então, o setor funciona dentro da Delegacia Regional”, frisa Uriel Ribeiro.
No Setor de Identificação trabalham estagiários, estudantes do segundo grau fornecidos pelo IGP, um policial civil e um militar aposentado, que trabalham na Delegacia Regional e naquele setor. Os estagiários deveriam servir apenas para auxiliar os funcionários, mas acabam tendo de suprir a falta de atendentes e realizar serviços que não seriam de sua alçada.
Os estagiários não têm tempo hábil para aprender e pôr em prática o que aprenderam ao público. O delegado ressalta que o serviço dos estagiários é muito importante para a instituição, mas que isso se tornou um problema. “É um serviço muito bem vindo, porque é importante para a nossa instituição. Mas o problema é que dependemos muito do serviço deles”, lamenta.
A estrutura do Setor de Identificação é precária. Segundo o delegado regional, o espaço físico para a confecção dos documentos é muito pequeno. Os setores de fotografia e de exames médicos, operados por terceirizados, ocupam o espaço que poderia ser aproveitado para o atendimento do público que busca fazer a carteira de identidade. “Isso traria mais agilidade e conforto para a população”, enfatizou.
Dias antes, o vereador Jaime Negherbon (PMDB) também havia alertado na tribuna para o problema e os vereadores combinaram enviar um ofício ao secretário de Estado de Segurança Pública pedindo providências.