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O secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos e Similares do Estado de Santa Catarina, Olívio Benke Filho, esteve na sessão de quinta-feira (27 de agosto) na Câmara de Jaraguá do Sul pedindo apoio dos vereadores para solucionar os problemas que os profissionais vêm enfrentando e que resultam em atraso na entrega de correspondências.
Munido de dados sobre as entregas e acompanhado por carteiros que lotaram o plenário, o sindicalista apelou aos vereadores para que os auxiliem, junto com toda a sociedade, a encontrar uma forma de solucionar estes problemas, para que eles possam exercer seu trabalho com tranquilidade.
Segundo ele, os parâmetros determinados pelo governo federal e a administração dos Correios não estão corretos, por isso a população recebe cartas com atraso. Para ilustrar, explicou que em Jaraguá do Sul são 30 carteiros para entregar todo o tipo de correspondência, quando o ideal seriam 45. Isso sem falar que o fluxo postal brasileiro cresce em média 10% ao ano.
Aliados à falta de profissionais, os números previstos de correspondências também estão desatualizados. Segundo Olívio, para os Correios a previsão é de entrega de 23.625 objetos por dia na cidade, mas na realidade são 31 mil objetos por dia – em alguns dias este número chega a 200 mil. No ano passado, os carteiros jaraguaenses entregaram 7.818.356 milhões de objetos – metade deles com atraso. Atraso este justificado pela perspectiva inicial de que seriam distribuídos 5 milhões de objetos.
“Há necessidade real e concreta de contratação de funcionários. Estes dados são incompatíveis com os dados apresentados pela empresa, em junho do ano passado, quando a empresa apontou a necessidade de apenas sete funcionários, que também não foram contratados”, lamentou o sindicalista, reforçando que somente em uma reunião no Centro Empresarial um dos gestores contratados admitiu que falta, no mínimo, 14 carteiros. No Estado, a defasagem é de 600 profissionais.
[b]PEDIDO POR AUDIÊNCIA OU FORÇA POLÍTICA[/b]
O sindicalista sugeriu aos vereadores uma audiência pública, onde se possa detalhar melhor a realidade e chamar a sociedade para discutir o assunto. “Não tem como a população falar com o presidente da ECT ou o ministro das Comunicações, e acabam reclamando do carteiro, que não é responsável pelo maltrato ou a incompetência da gestão”, destaca.
Ele pediu mais respeito a estes profissionais que enfrentam condições de trabalho muito precárias. “Às vezes, eles não têm nem uma caneta. Também já fizemos uma denúncia na Delegacia Regional do Trabalho, porque os capacetes dos carteiros que trabalham de moto estão vencidos há cinco anos”, contou. Sem falar que 80 trabalhadores dividem apenas um banheiro.
“Estamos indo nas Câmaras, porque o sindicato chegou a um ponto em que não adianta ser o lobista para discutir com o governo. Temos que unir forças. É importante que a Câmara faça moção e envie ao presidente da República, da empresa e ao ministro das Comunicações dando conta desta situação. Que faça requerimento pedindo contratação, ou audiência para pedir explicações sobre os problemas”, apelou, dizendo que a prioridade é a contratação de funcionários.
O vereador Jaime Negherbon (PMDB) diz que sabe dos problemas que os Correios enfrentam no seu dia-a-dia. “A gente fica preocupado, porque a comunidade acaba cobrando também dos vereadores e considera lamentável que isso aconteça”. Para o vereador, a solução seria um concurso público.
Ao responder aos questionamentos dos vereadores Jair Pedri (PSB) e Amarildo Sarti (PV), o sindicalista explicou que o desmantelamento da empresa vem desde 1999, quando o governo Fernando Henrique Cardoso começou um lento processo de privatização da estatal. À lembrança de Amarildo, de que os Correios sempre foi sinônimo de competência, agradeceu: “No País da incompetência, somos a exceção”. Para ele, a ganância da iniciativa privada em explorar este mercado que movimenta bilhões em um País de dimensões continentais seria a responsável por este sucateamento.
E disse que a situação persiste no atual governo, pois apesar da reivindicação de pelo menos mais 11 mil carteiros no País, desde o início do governo Lula foram demitidos 5.887 trabalhadores no Plano de Demissão Voluntária. “Nossa voz não está tendo o eco suficiente”.
Justino Pereira da Luz (PT) tranquilizou os carteiros ao informar para o início de setembro a divulgação de um edital para abertura de 12 mil vagas em todo o Brasil. “Não vai resolver, mas pode amenizar a situação dos carteiros no País”. Para Justino, não é só a falta de pessoal que está prejudicando o trabalho, ele lembrou que há ruas sem nomes, sem placas de indicação, ou casas sem os números corretos.
Ele transferiu parte desta responsabilidade ao município que, em sua opinião, não está atendendo à organização territorial. Contou que tem uma rua em seu bairro com o nome aprovado em 2002 e que até hoje a placa não foi colocada. Olívio aproveitou para destacar que é preciso incentivar a colocação de nomes de ruas e nomes corretos. Também pediu que as pessoas sejam incentivadas a colocar caixas coletoras para amenizar parte dos problemas dos profissionais.
Jornalista responsável: Rosana Ritta – Registro profissional: SC 491/JP