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Ao que tudo indica, uma solução para o impasse provocado pelo atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na região está longe de acontecer. A série de normas regulamentadoras do serviço é bastante rígida e complexa. Por isso, não são permitidas interferências. Pelo menos esta foi a principal mensagem deixada pela coordenadora estadual do Samu, Maria Cristina Machado Pires, em reunião realizada na manhã desta quarta-feira na sede da Gerência de Saúde de Jaraguá do Sul.
A complexidade e, por conseqüência, a demora no atendimento, é a principal reclamação das pessoas que ligam para o número 192 do Samu em busca de socorro médico. Os vereadores jaraguaenses têm usado a tribuna com frequência para denunciar que por diversas vezes receberam reclamações de pessoas que antes de saberem se serão atendidas são obrigadas a responderem a um questionário com perguntas complexas e com termos médicos que os leigos no assunto desconhecem. Tudo isso em meio ao estado nervoso em que se encontra uma pessoa que está passando mal.
O próprio presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte, Saúde e Assistência Social da Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul, José Osorio de Avila (DEM), diz que já viveu o problema na pele. Ele mesmo chamou o Samu para atendimento em sua farmácia e o mesmo demorou 45 minutos para sair da base que fica junto ao Corpo de Bombeiros da Barra do Rio Cerro e percorrer cerca de três quilômetros até o bairro vizinho Jaraguá Esquerdo.
Outro problema está no impasse vivido pelos pacientes e familiares. Os vereadores dizem que as pessoas reclamam que o Samu as vezes responsabiliza os bombeiros e vice-versa. “Sofre o paciente e sofrem as pessoas que estão ao redor dele, ansiosas por atendimento, vendo a pessoa correr risco de vida sem saber o que fazer”, lamenta o vereador José de Avila. Os vereadores falam que antes do Samu o atendimento geral feito pelos bombeiros era muito mais eficiente, pois não havia atendimento diferenciado.
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SECRETÁRIO SUGERE CENTRAL DE AMBULÂNCIAS[/b]
Em busca de uma solução para este problema, o secretário de Saúde da Prefeitura de Jaraguá do Sul, Irineu Pasold, sugeriu que seja estudada uma forma de serem atendidos os cinco municípios da região. O secretário sugeriu até mesmo que se fizesse uma central de ambulâncias englobando os veículos disponíveis em prefeituras, bombeiros e hospitais de toda a região, o que totalizaria uns 20 veículos, para que as mesmas possam ser acionadas quando faltarem unidades das que ficam disponíveis para Samu e bombeiros. Ou, então, que o órgão funcionasse junto ao batalhão da PM e conectado com os bombeiros, trabalhando em conjunto.
Porém, como a região do Vale do Itapocu faz parte da macrorregional Norte-Nordeste, a coordenadora estadual diz que de qualquer forma o controle do Samu ficaria centralizado em Joinville, e ainda tem uma escala e a capacidade de atendimento de cada ambulância para ser levada em consideração.
Maria Cristina também descartou a possibilidade da região de Jaraguá do Sul se desmembrar de Joinville. Disse que isso é muito difícil acontecer, pois o Samu no Estado está dividido em oito regiões e, se por acaso houvesse uma nova divisão, a nona macrorregião seria instalada em Mafra. Ela também destaca que o Samu catarinense é o único estadual no País, e que está em funcionamento desde 2005.
A coordenadora vê com naturalidade as reclamações das pessoas que não são atendidas, e que reclamam que os bombeiros, que antes do Samu também faziam atendimentos médicos, são mais eficientes. Isso porque, no conceito dela, os bombeiros sempre fizeram um serviço não menos importante, mas que engloba também a assistência social. “Alguns usavam o carro dos bombeiros como táxi”, disse a coordenadora.
Ela também disse ter ficado surpresa com as informações dos vereadores, de que uma ambulância demora em média 45 minutos para chegar até o local. Para ela, isso é inconcebível. Por isso, pediu que este tipo de denúncia seja repassado por escrito, para que ela possa verificar onde ocorreu a falha, identifique a causa da demora e possa também responder por escrito. E atribui as reclamações a casos isolados, de pessoas que precisavam era de atendimento em posto de saúde mesmo.
Garantiu que a cada atendimento, a pessoa que pede socorro pode falar com três profissionais simultaneamente, o que facilita as orientações. Ela também se mostrou irritada com a informação de que as vezes fica difícil achar o endereço da vítima – ou porque a pessoa não sabe o próprio endereço ou porque o local tem problemas de identificação. Ela defende que os motoristas sejam sempre da região atendida.
Porém, os profissionais responsáveis pelo atendimento que estavam presentes garantiram que as ambulâncias são equipadas com GPS. Uma sugestão de um deles, que trabalha nos dois órgãos, é que o Samu passe a adotar o mesmo sistema de cadastro dos bombeiros, que é mais completo e ao se digitar as primeiras letras já surge o nome da rua correto.
[b]BUROCRACIA ATENDE PELO NOME DE REGULAÇÃO[/b]
Apesar dos apelos do próprio secretário Pasold e dos demais vereadores presentes ao encontro – o presidente da Comissão de Saúde da Câmara, José Osorio de Avila (DEM), e os membros Justino da Luz (PT) e Natália Petry (PSB), esta representada por sua assessoria, mais o presidente em exercício da Câmara, Isair Moser (PR), o líder do governo, Ademar Possamai (DEM), o líder do PT, Francisco Alves; e o vereador que pediu a presença do Samu na Câmara, Jaime Negherbon (PMDB) – de que o atendimento seja mais ágil, Maria Cristina respondeu que o procedimento que ela chama de regulação exige as perguntas e que isso não tem como mudar.
Apesar de Maria Cristina dizer que considera inadmissível que os atendentes demorem mais de dois minutos para pegar o endereço da vítima, o médico regulador e intervencionista que atua na região, Marciano Baldissera, diz que o tal questionário leva no mínimo 15 minutos para ser preenchido. Ele reclama que o maior problema enfrentado pelos profissionais são as transferências e viagens de uma cidade a outra que têm que fazer, pois eles atendem até a região de Mafra.
E defende pelo menos o dobro do número de médicos para tornar o sistema um pouco mais eficiente. Porém, segundo Cristina, há falta de médicos disponíveis no mercado dispostos a ganharem R$ 4.200,00 por uma carga horária de 20 horas semanais.
De imediato, ela prometeu tentar corrigir as falhas que existem com a adoção de um sistema de identificação de endereços mais eficiente, a capacitação e contratação de profissionais que conheçam a região. Porém, a ideia de desvincular a central de Joinville ou de criar uma grande central de ambulâncias na microrregião não deve acontecer tão cedo.
O vereador José Osorio de Avila avalia que a melhor opinião manifestada no encontro foi a do secretário Irineu Pasold, de que se agregue todos os órgãos em um só para que a comunidade possa ter um atendimento mais rápido e eficiente. “São pessoas carentes que precisam deste serviço e que não aconteçam mais as fatalidades, que já aconteceram”, apela o vereador.
Ele cita o caso em que o marido de uma ex-funcionária da Câmara morreu em um campo de futebol porque o Samu demorou pelo menos uma hora para atendê-lo. “Acreditamos que a partir da reunião de hoje seja viabilizado melhor atendimento à comunidade. Caso contrário, precisamos torcer para uma volta ao tempo, quando só com os bombeiros tínhamos muito melhor atendimento. Agora não tem mais este atendimento”, ponderou.
[b]COMO FUNCIONA A CENTRAL DE REGULAÇÃO MÉDICA:[/b]
Na Central de Regulação Médica de Urgência um médico, auxiliado por um ou vários técnicos, recebe as ligações de pedidos de urgência, tria e classifica em função da urgência do caso, e responde de acordo com a necessidade do mesmo.
As respostas podem ser dadas de diversas maneiras e são adaptadas a cada necessidade:
• Orientação por telefone : Quando pode ser resolvido por telefone, tanto por uma orientação de encaminhamento como outras orientações.
• Ativação de unidades móveis: De acordo com o tipo de atendimento, traumático ou clínico, e a gravidade estimada do caso, podem ser acionados unidades de suporte básico (bombeiros, polícia), unidades de suporte básico do Samu, UTI Móveis do Samu, e até helicóptero de Suporte Avançado de Vida PRF-Samu.
Após o acionamento das unidades pela regulação médica de urgências do Samu, independente da decisão tomada, a central de regulação médica acompanhará o atendimento até seu término, apoiando as equipes quando necessário e preparando a recepção hospitalar adequada ao atendimento da urgência.
Jornalista responsável: Rosana Ritta – Registro profissional: SC 491/JP