A situação delicada em que foi envolvido o presidente da Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul, Jean Carlo Leutprecht (PC do B), na última sexta-feira, durante a entrega do troféu do Campeonato Estadual de Basquete Feminino, onde a equipe jaraguaense conquistou o tricampeonato estadual juvenil, motivou um longo debate na sessão de terça-feira (29 de setembro).
Convidado pelos organizadores do campeonato para entregar o troféu às vencedoras, o presidente da Câmara enfrentou a ira do diretor técnico da Fundação Municipal de Esportes (FME), que protestou por entender que o troféu deveria ser entregue pelo presidente da FME. Jean disse que pretendia apenas registrar o fato que repercutiu na imprensa para esclarecer à população, mas diante da indignação dos demais vereadores, que consideraram uma falta de respeito com uma autoridade, o assunto acabou se estendendo.
O presidente da Câmara – profissional com uma longa carreira ligada ao esporte e ex-dirigente da FME – contou que na condição de única autoridade presente à final do campeonato foi convidado pelo presidente da federação para entregar troféus e medalhas. O clima de alegria do momento foi quebrado quando o diretor técnico da FME foi tirar satisfação sobre a entrega do troféu.
Infelizmente, acredita o presidente, este deve ter sito um fato isolado em razão de ter havido má orientação aos novos comandados da Prefeitura. Ele recorda que nunca houve uma situação semelhante na cidade. Diz que sempre vereadores e demais autoridades presentes aos eventos são chamados para ajudar nas entregas de troféus e medalhas, como aconteceu recentemente na final do Varzeano. E nunca ouviu alguém contestar alguma ação semelhante, pois é uma forma de valorizar o esporte. “Quando querem recursos e remanejar valores, aí ligam para pedir”, lamentou Jean. “É nossa função sim estar acompanhando onde está este dinheiro e valorizar quem participa deste trabalho”, reforçou.
O vereador Jaime Negherbon lamentou o que classificou como ciúmes por parte do diretor técnico da FME e disse que uma atitude destas é lamentável, pois Jean sempre deu aos vereadores a oportunidade de prestigiarem os eventos. “Não deveria ter feito isso”. Igualmente o vereador Francisco Alves (PT) lamentou o fato, sugerindo um curso de relacionamento. “Isso que foi com o senhor, que não tinha seu nome na faixa, imagine se fosse eu”, disse Francisco. Ele referia-se ao fato de que antes da votação de repasse de dinheiro para a Liga de Futebol, uma faixa com nomes de vereadores que seriam pretensamente contra foi estendida em frente à Sociedade João Pessoa.
[b]“NÃO É MOTIVO PARA CRIAR ANIMOSIDADE”, DIZ LÍDER DO GOVERNO[/b]
O líder do governo, vereador Ademar Possamai (DEM), tentou minimizar a repercussão negativa do fato, que ele imagina ter sido um mal entendido. Diz que o que causou estranheza é que teria sido comunicado ao presidente da fundação que ele entregaria o troféu, e na última hora houve a troca. Ele acredita que isso aconteceu porque o presidente da Casa já revelou intenção em lançar candidatura a deputado, o que deve ter provocado ciúmes. “Imagino que não é motivo para criar animosidade com a fundação. O questionamento foi em cima do protocolo”, destacou Possamai.
O presidente Jean acredita que a confusão também tenha sido causada porque não está claro afinal quem responde pela FME, já que existe uma secretaria de Cultura, Esporte e Turismo e presidências nas duas fundações, de Cultura e de Esportes. Ele disse que vê a figura do secretário Ronaldo respondendo pela pasta e não os presidentes das fundações. Neste caso, como nem a prefeita nem o secretário estavam presentes ao evento, respeitando a hierarquia o presidente da Câmara era a maior autoridade no momento.
Jean pediu que a Prefeitura resolva logo este impasse e esclareça quem responde pelo esporte e a cultura no município. “Estamos aguardando o segundo momento da reforma administrativa, pois este caso pode gerar um problema de ordem legal para a Prefeitura e quando chegar a esta Casa vai ficar difícil”, cobrou. Ele reafirmou que os trabalhos na área de esportes no município precisam acontecer de forma mais efetiva e precisa haver respeito às pessoas, às lideranças, a quem construiu a história que está aqui.
“Acredito que não seja o posicionamento da prefeita, certamente foi um ato desavisado de algumas pessoas, mas pelo bem do esporte de Jaraguá do Sul e o relacionamento entre Câmara e o Executivo, isso não deve acontecer”, concluiu. O presidente também destacou que a FME tem excelentes funcionários de carreira, citou o nome de alguns deles, como a professora Karine e o professor Benhur Sperotto, que coordena os pólos de voleibol. Ambos assistiam à sessão. Assim mesmo, a Federação deve encaminhar uma moção de repúdio.
A sobreposição de funções também foi questionada pela vereadora e professora Natália Lúcia Petry (PSB), que já comandou a Fundação Cultural. Ela disse que no momento existem três funções com status de secretário para fazer um trabalho que antes era de dois. E aguarda uma posição da Prefeitura. “Pediram voto de confiança, dizendo que em três meses seria adequada a situação das fundações, que sempre mostraram gestão eficiente, mas já passaram muito mais meses”, lamentou.
A vereadora também lembrou que a situação a que o presidente da Câmara foi submetido é inaceitável. “A Constituição apregoa a harmonia entre os poderes. Somos representantes constituídos da comunidade, cargo designado por milhares de eleitores. Fico muito triste, pois já passei por este momento. É preciso que se reveja esta questão protocolar, para que não aconteçam estes constrangimentos publicamente. O lugar das pessoas na história deve ser reconhecido sim. É justo que sua história no esporte seja reconhecida”.
Natália foi mais longe ainda ao buscar na história o ano de 1993, quando Jean assumiu pela primeira vez a divisão de esportes do município e promoveu uma verdadeira revolução e logo criou a FME. “O senhor fez a diferença no esporte de Jaraguá do Sul”. Lembrou o planejamento fantástico que mudou a cara do esporte de Jaraguá do Sul, em que alguns momentos ela também participou. “Tenho certeza de que se não houve má intenção, boa também não houve”.
Por fim, a vereadora revelou que ela também já foi ignorada em eventos, e entende que é muito feio quando politicamente queremos esmagar as pessoas para que elas não tenham brilho. “Mas quem tem luz e brilho próprios se sobressai”, finalizou. Anunciou que a próxima vez em que for destratada por determinados secretários, vai denunciar os nomes dos mesmos na tribuna, para que não se fique generalizando e maculando os secretários que fazem um bom atendimento.
Jornalista responsável: Rosana Ritta – Registro profissional: SC 491/JP