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Artigo da vereadora Natália Petry sobre Lei Áurea

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DSC07237É preciso abolir o preconceito

Em 1888, quando foi sancionada a Lei Áurea, o Brasil possuía pouco mais de 700 mil escravos.
Quando a princesa Isabel aboliu o cativeiro, os próprios escravos já haviam se libertado. Eles fugiam em massa, sem esperar pela lei oficial.
O Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão e, entre 1600 e 1850, ano em que acabou o comércio de escravos, mais de 3,6 milhões de africanos foram capturados e trazidos para o Brasil.

É tanta gente que, até o século 18, 80% da população brasileira era negra e trabalho era sinônimo de escravidão.
Na Câmara Federal, o projeto apresentado em 7 de maio de 1888, obteve 83 votos a favor, dos 92 possíveis. É a lei mais concisa que o país já teve. Dizia apenas:
Art. 1º: É declarada extinta a escravidão no Brasil;
Art. 2º: Revogam-se as disposições em contrário”.
Mas nada foi previsto a respeito da inserção dos negros na sociedade da época.
Eles não tinham casa ou renda, eram analfabetos e foram confinados em bolsões de terras que não interessavam aos investidores: os morros e outros locais de difícil acesso que hoje conhecemos como favela.
Foi feita a libertação física dos negros, mas eles continuaram presos às limitações que sua condição de escravos libertos, lhes impunha.
E foi justamente essa libertação parcial, que hoje reflete em dados estatísticos onde o negro é a maioria nas penitenciárias e a minoria nas universidades.
Esse erro histórico, aos poucos começa a ser corrigido com leis que combatem a discriminação, que facilitam o acesso às universidades e que pretendem, de alguma forma devolver à raça negra, a dignidade que lhes foi roubada, quando da sua captura em terras africanas.
Hoje comemoramos a Lei Áurea que foi, sem sombra de dúvidas, um importante passo para consertarmos esse terrível erro do passado. Mas ela promoveu uma abolição incompleta.
Cabe a todos nós, brancos, negros, asiáticos, dessa e das próximas gerações, promovermos a verdadeira abolição.
Aquela que tira as pessoas da linha de pobreza, aquela que procura dar chances iguais para todos; aquela que tira as pessoas da marginalidade, que muitas vezes é a única opção para pessoas consideradas “diferentes”.

Aquela abolição que resgata as pessoas da ignorância, da dependência do estado e de favores da sociedade.
E não falo só dos nossos irmãos negros. Falo também do preconceito contra homossexuais, deficientes físicos, auditivos, visuais e pessoas com déficit de inteligência.
Muitos batem no peito se dizendo pessoas crentes em Deus, que colaboram com causas sociais, mas continuam escravizando seus irmãos através do preconceito.
Para podermos dizer que abolimos a escravidão, precisamos abolir o preconceito, seja ele qual for.
Quando conseguirmos isso, e somente após conseguirmos, poderemos dizer que foi abolida a escravidão no Brasil.

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