Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Violência política de gênero é assunto no Agosto Lilás

COMPARTILHE

A Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul, durante o Agosto Lilás, apresenta uma realidade que vem crescendo no Brasil. A violência política de gênero afeta diretamente a participação feminina nos espaços de poder e decisão.

As mulheres que atuam na política enfrentam não apenas o desafio de conquistar espaço em um ambiente historicamente dominado por homens, mas também lidam com uma série de agressões, intimidações e ameaças, muitas vezes de caráter sexista e misógino. Essas práticas têm o objetivo de silenciar, descredibilizar e afastar as mulheres da vida pública, dificultando o avanço da representatividade feminina no cenário político.

Entre os desafios mais evidentes está a falta de mecanismos efetivos de proteção e denúncia. Embora a legislação brasileira reconheça a gravidade da violência política de gênero, muitas vítimas relatam dificuldades em obter apoio institucional ou em ter suas denúncias investigadas de forma adequada. A cultura machista, que ainda permeia grande parte das instituições políticas, contribui para a normalização desse tipo de violência, tornando ainda mais difícil para as mulheres se afirmarem e serem respeitadas em seus papéis como líderes e representantes do povo.

No Brasil, a Lei nº 14.192, de 4 de agosto de 2021, foi um marco na tentativa de coibir a violência política de gênero. A legislação tipifica como crime as práticas que visam restringir, impedir ou dificultar o exercício dos direitos políticos das mulheres, seja por meio de ameaças, agressões, ou qualquer forma de discriminação. A lei prevê penas de reclusão e multa para aqueles que praticarem tais atos, além de estabelecer medidas protetivas para as vítimas. No entanto, a efetividade da lei ainda é questionada, uma vez que a subnotificação e a impunidade permanecem altas.

Dados recentes mostram que a violência de gênero no contexto político é uma realidade alarmante. Segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 24% das mulheres que atuam na política já sofreram algum tipo de violência relacionada ao seu gênero. Em Santa Catarina, por exemplo, um levantamento do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC) revelou que durante as eleições de 2022, mais de 15 casos de violência política de gênero foram formalmente denunciados, o que representa um aumento em relação aos pleitos anteriores.

Os números nacionais são ainda mais preocupantes. De acordo com o Observatório da Mulher contra a Violência, o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de violência política de gênero. Esse cenário é agravado pela falta de políticas públicas eficazes para combater o problema, que afeta não apenas as mulheres diretamente envolvidas na política, mas também aquelas que aspiram a ocupar cargos públicos no futuro. A ausência de apoio e segurança faz com que muitas mulheres desistam de suas candidaturas ou optem por não seguir carreira política.

A violência política de gênero tem um impacto profundo na democracia, uma vez que limita a pluralidade de vozes e a diversidade de perspectivas nos espaços de decisão. Além disso, as consequências para as vítimas são graves, incluindo danos à saúde mental e física, bem como à reputação e à carreira política. O silêncio e a omissão diante desses casos perpetuam um ciclo de violência e exclusão, prejudicando o avanço das mulheres na política.

Para ilustrar a gravidade da situação, a tabela a seguir apresenta exemplos de diferentes formas de violência política de gênero, com base em relatos coletados em diversas regiões do Brasil:

Tipo de Violência Descrição Exemplo
Violência Verbal Uso de linguagem ofensiva ou degradante Comentários sexistas durante debates ou sessões legislativas
Violência Psicológica Desestabilização emocional Ameaças de morte ou intimidações nas redes sociais
Violência Física Agressões físicas Casos de agressão em eventos públicos ou em campanhas eleitorais
Violência Institucional Barreiras institucionais ao exercício do cargo Negação de recursos ou de espaços para o desenvolvimento de atividades

Para enfrentar esse cenário, é imprescindível que as autoridades brasileiras adotem uma postura firme no combate à violência política de gênero. Isso inclui a implementação de políticas públicas específicas, o fortalecimento dos mecanismos de denúncia e proteção, e a promoção de uma cultura de respeito e igualdade nos espaços políticos. Somente assim será possível garantir que as mulheres tenham condições justas e seguras de participar da vida pública, contribuindo para uma sociedade mais democrática e inclusiva.

A luta contra a violência política de gênero deve ser uma prioridade de todos os setores da sociedade. A construção de um ambiente político que respeite e valorize a participação feminina é fundamental para o desenvolvimento de um país mais justo e igualitário.

Pular para o conteúdo